Volta do bondinho como transporte público domina audiência sobre concessão da Estrada de Ferro Campos do Jordão

Ferrovia histórica hoje totalmente sucateada será concedida à iniciativa privada. Governo de São Paulo prevê o leilão para dezembro de 2025.

por: Redação ( 3 semanas atrás ) - Atualizado: 20/05/2025 16:35
Audiência pública foi realizada na Câmara de Campos do Jordão - Foto @correianews

Apesar do horário nada convidativo, uma segunda-feira às 11h, o plenário da Câmara ficou repleto de interessados em conhecer melhor o projeto de concessão da Estrada de Ferro Campos do Jordão (EFCJ). Estavam presentes o prefeito da estância, Carlos Eduardo (Caê), vereadores, representantes de entidades, como a AME Campos e o Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, além de moradores que tiveram a chance de opinar sobre o texto original.

O diretor da Companhia Paulista de Parcerias (CPP) Edgar Benozatti Neto, abriu a audiência pública destacando a importância histórica da EFCJ para a região e para o estado de São Paulo. Ele disse que a concessão vem sendo estudada desde 2020 e pediu o apoio da população.

O projeto

A advogada da CPP, Maria Laura Felix de Souza, apresentou em detalhes o projeto que prevê a concessão da infraestrutura turística da EFCJ, incluindo o Museu de Memória Ferroviária do Parque Capivari, o Parque Reino das Águas Claras, em Pindamonhangaba, e os 47 km da ferrovia. Segundo a advogada, o trecho obrigatório de operação da estrada de ferro vai desde a estação Emílio Ribas, em Vila Capivari, até a estação Eugênio Lefévre, em Santo Antônio do Pinhal. Já reativação até Pindamonhangaba será facultativa, ou seja, a concessionária ficará livre para decidir se faz ou não o investimento.

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A Maria-fumaça deverá voltar aos trilhos no trecho urbano de Campos do Jordão e dois percursos serão criados: o turístico curto, com embarque e desembarque também durante o passeio (atualmente o embarque e desembarque ocorre em Vila Capivari), e o turístico médio, com viagem até Santo Antônio do Pinhal. O primeiro trajeto deverá ser entregue no terceiro ano de concessão e o segundo a partir do quinto ano.

O projeto prevê ainda o restauro do bonde, da locomotiva a vapor, vagões e automotrizes, substituição da fiação aérea com novas subestações de energia, reforma do pátio ferroviário e a construção de duas novas estações no portal de Campos do Jordão e em Vila Jaguaribe. A preservação dos bens tombados, como a Parada Damas, em Capivari, e a central administrativa, em Pindamonhangaba, também é obrigatória.

A concessão permite ainda a exploração de novos negócios ao longo da ferrovia, como hotéis, pousadas, cafeterias, empreendimentos imobiliários e novas malhas ferroviárias conectando hotéis com atrações turísticas. A empresa que vencer a concorrência vai assumir todo o complexo por 24 anos com o compromisso de impulsionar o turismo preservando as características históricas e culturais da EFCJ. O investimento previsto é de R$ 403,5 milhões, sendo R$ 17 milhões anuais gastos na operação.

A audiência

Após a apresentação do projeto, 15 pessoas se inscreveram na audiência e tiveram, cada uma, três minutos para fazer críticas e dar sugestões. Claudio Sirin, representante da maçonaria, foi o primeiro a falar. Ele pediu que a ferrovia fosse reativada até o Alto do Lajeado, onde existe um complexo turístico com parques e restaurantes, além do próprio ponto culminante ferroviárido do Brasil, a 1743 m acima do nível do mar. Sirin também defendeu gratuidade para o jordanense utilizar o bondinho.

Alexandre Gonçalves, ex-secretário de Meio Ambiente, sugeriu como critério de desempate a preferência pela proposta que incluísse a população e o uso dos elementos históricos da ferrovia nas atividades turísticas. Já o proprietário do Grupo Toriba e concorrente à concessão da EFCJ, Aref Farkouh, disse ser desnecessário implantar cremalheira porque, segundo ele, o declive da serra permite que a tração do trem seja por simples aderência, sem a necessidade de engrenagens. Aref também defendeu a manutenção dos dormentes de madeira como forma de preservar a história, já que o projeto prevê o uso de dormentes de concreto.

O vereador Ricardo Malaquias Júnior propôs a criação de uma ciclovia às margens dos trilhos compartilhada com a prática da caminhada como um novo serviço turístico para ciclistas e também para os romeiros que percorrem o Caminho da Fé. Já a moradora Lúcia Cintra reforçou a importância de preservar a história e sugeriu a criação de uma doca na entrada da cidade para embarque e desembarque de gôndolas de transporte de atividades mercantis. A medida aliviaria o tráfego de caminhões na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, contribuindo para a redução das emissões de carbono na atmosfera.

O representante do Sindicado dos Trabalhadores em Hotéis, Bares e Restaurantes, Antônio Arlindo da Silva, demonstrou preocupação com o futuro dos funcionários atuais da ferrovia e levantou dúvidas sobre os critérios de contratação pela empresa concessionária. Mônica Fazion, do Conselho Municipal de Políticas Culturais, cobrou a manutenção do patrimônio histórico.

Moradores querem o bondinho como transporte público

Tradicional bondinho de Campos do Jordão - Foto @correianews

Além das sugestões técnicas, o que mais se ouviu durante a audiência foi a volta do bondinho como transporte público. Sônia Gonçalves, moradora da cidade, lembrou da época em que tinha passe escolar. O engenheiro Paulo Marcos defendeu o retorno do serviço como alternativa ao trânsito de automóveis e propôs o uso do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para atender a população permitindo o embarque e desembarque em todo o percurso, o que ajudaria a aquecer a economia de outros bairros, além de Capivari. Herbert dos Santos, também natural de Campos do Jordão, criticou o foco exclusivamente turístico no projeto e cobrou que a ferrovia volte a atender os moradores com baixo custo na passagem.

A vereadora Izabel Ribeiro de Camargo reforçou a importância do bondinho voltar a atender a população, mas preservando suas características originais. O professor Paulo de Tarso lembrou do tempo em que embarcava na Parada Viola e ia de bondinho levar almoço para seu pai que trabalhava em Capivari. Ele também defendeu a preservação das paradas na zona rural de Campos do Jordão e de Pindamonhangaba e sugeriu o prolongamento da ferrovia até o Horto Florestal.  

Houve muitas críticas ao descaso do Governo de São Paulo, que permitiu o sucateamento da ferrovia. A moradora Neusa Lídia de Souza cobrou punição aos criminosos que furtaram os cabos elétricos paralisando totalmente o passeio turístico desde o início do ano. Como solução, o arquiteto José Roberto Damas Cintra, que já foi vice-prefeito de Campos do Jordão, sugeriu que as automotrizes fossem equipadas com sistema autônomo de energia.

Além de denunciar o total abandono da EFCJ, Rita Caldeira, moradora da estância, encerrou a participação popular defendendo a recuperação da ferrovia no seu trajeto original, desde Pindamonhangaba até Campos do Jordão. Ela também sugeriu uma homenagem a Sebastião de Oliveira Damas, o português que usou os seus bens para construir com recursos próprios a estrada de ferro, em 1914.

Consulta pública continua

Quem não teve a oportunidade de comparecer à audiência ainda pode opinar no projeto. A consulta pública continua aberta até dia 23 de junho. Os documentos da concessão podem ser acessados no site da Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI). Na página, também há todas as orientações sobre como contribuir com o processo. Para saber mais, clique aqui.

A expectativa do Governo de São Paulo é publicar o edital da concessão em agosto e realizar o leilão em dezembro de 2025 para em 2026 já começarem as obras de recuperação da EFCJ. “Ao integrar cultura, natureza e mobilidade, a iniciativa transforma a ferrovia em um vetor estratégico para a economia local, estimula a integração regional e amplia a atratividade da região para novos investimentos” ressaltou Edgar Benozatti, diretor da CPP.

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